terça-feira, 16 de dezembro de 2008

48 horas

A pouco mais de 48h de chegar à pátria
gozo o facto de estar doente.

Doente, não... é uma palavra muito forte.

"I have cold" escrevia na mensagem aos meus colegas esta manhã, num (talvez) acto falhado.

Um dia passado na cama rodeada de flores de amendoeira.

Quando era pequena, quase todos os anos celebrávamos a Primavera na escola, recriando amendoeiras em flor (típicas do meu Algarve) usando para isso folhas de papel higiénico brancas e rosa.

Já não há lenços que cheguem, voltei-me para o suave papel cor-de-rosa.
Não tenho anti-histamínico. Não tenho o leitinho com mel (que eu tanto odiava), nem os miminhos da mamã.

O mundo agora é outro, e acordo com o telefonema do secretário a meio da manhã "Your first patient is here". De alguma forma a mensagem que deixei no atendedor da clínica cedo, não chegou ao destino. A meio da manha, depois de mais umas voltas na cama e o nariz vermelho que nem um tomate, volto a pensar nos meus doentes da enfermaria. Não resisto e contacto os meus colegas "could you kindly chase the new admission's blood results and keep an eye on Patricia G.?"


Tento ler, não consigo. Tento dormir, não consigo. "Irritable mood", viria na minha descrição do estado mental... mas estou no outro lado.

O papel branco acabou ontem à noite. O rosa dá agora o toque de sua graça.
Uma semana planeana ao milimetro, (ou devo dizer segundo?!).
Saudades de coisas estranhas. Expectativas difíceis de definir. Um sorriso nos lábios.

Sabe bem saber que vou voltar.

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